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O luto como função transcendente

O processo de luto pode ser uma luta, uma terrível e profunda batalha contra os apegos, lembranças e afetos do nosso ego.

Vivemos o nosso dia a dia tentando prever e manipular o tempo. O que se foi, as vezes nunca vai. O que virá, ainda está por vir. O que nos resta é viver a angústia de uma realidade na qual precisamos assumir a nós mesmos que não temos nada.

"O sofrimento faz morada aonde o controle é necessário."

A perda, porém, transcende qualquer dúvida ou paradoxo temporal, pois ela é real. A perda nos convida a visitar o passado, e derramar o futuro. Nos convida a renascer sobre as cinzas, como uma fênix, pois novas precisam ser as penas da transformação. Novos precisam ser os sonhos da jornada. Novas precisam ser as emoções gozadas, choradas e compreendidas. Só assim o ser nasce novamente para si mesmo.

Nas sagas e aventuras mitológicas, podemos observar que este mecanismo de perda e renascimento é vivido quase que como uma lei fundamental, ou melhor, primordial. A origem de tudo, o arquétipo, nos convida a acessar as mais profundas vozes, pulsões e desejos do inconsciente coletivo e individual. A natureza é a prova viva de que a morte é necessária para a renovação. Simplesmente é como é, e não há nada o que possamos fazer para controlar o fluxo arquetípico da vida.

Voltando a mitologia, são inúmeros os personagens influenciados por um arquétipo conhecido como o da jornada do herói. Tal arquétipo consiste em um processo de autoconhecimento e aprimoramento numinoso algo que beira a esfera do divino. Uma real metanóia experenciada por um ser que possui as suas imperfeições, desejos, vacilos e ambições. É possível realizar um paralelo deste processo com o que Jung entende como individuação, que consiste, resumidamente, na integração das sombras, personas etc. no próprio self do protagonista. Para que este fenômeno ocorra, é preciso que o herói morra para si mesmo. É preciso que adquira o entendimento sobre as próprias limitações, medos e potencialidades. Assim, retorna mais sábio. Na mitologia germano-escandinava, por exemplo, temos a figura de Wotan, que num ato de auto martírio, se enforca em um dos ramos da arvore da vida, Yggdrasil, com o objetivo de acessar a sabedoria sagrada das runas, que proporcionaria a ele o conhecimento sempiterno, tornando-se então uma divindade relacionada não só a guerra, como também a sabedoria.

Sendo assim, é possível considerarmos a real faceta simbólica da morte como sendo um mecanismo arquetípico de renovação.

Os símbolos, por sua vez, nos servem como lembrete deste processo. O crucifixo, por exemplo, nos recorda sobre o amor infinito de Jesus na mitologia cristã, diante da ignorância humana. O Mjölnir, a força e os triunfos do deus do trovão perante as ameaças dos gigantes, que também podem ser interpretados como sombras da nossa psique. Dentre outros amuletos que possuem funções transcendentes ou sagradas.

Quem possui medo da morte, também possui medo da vida, pois ambas são entidades inseparáveis e dependentes de si. Se o apego ou o controle ainda nos servem como defesa, manteremos os escudos levantados as flechas do cupido, nos afastando, cada vez mais, da nossa função transcendente. 

O objetivo fundamental aqui é ressaltar que a morte só existe pois há vida, e vice versa. Aquele que entende o luto não como uma perda, mas sim como uma renovação, se permite sair do controle e vivenciar o arquétipo que a natureza nos oferece. Não é simplesmente fingir que não existe, ou se cretinizar em uma frieza patológica perante aos acontecimentos da vida. É se permitir sentir o processo em sua completa experiência. Deixar fluir o córrego das emoções advindas do luto. Isto sim é amor e sabedoria.

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